quarta-feira, 8 de abril de 2015

PIB CEARA 2014

Acaba de ser divulgado pelo IPECE o PIB de 2014. Segundo o Instituto o PIB cresceu 4,42%. O que chama atenção foi o desempenho do PIB da agropecuária que cresceu 65%, enquanto que no Brasil esse crescimento foi zero. Dos 4,42% de crescimento a agropecuária responde por 2,6% ( 59% do PIB total).

Seria interessante que o IPECE detalhasse o PIB da agropecuária para um melhor entendimento de seu significativo desempenho.

Aparentemente, se teve seca, ela não chegou no PIB.

segunda-feira, 6 de abril de 2015

AJUSTE FISCAL: ECONOMIA E PAPO FURADO

A ECONOMIA do ajuste fiscal diz que ele é necessário por dois motivos principais:

1)    Quando o nível do saldo primário das contas publicas define uma trajetória da dívida que é insustentável ou o ajuste é feito ou a trajetória vai causar a perda do grau de investimento e a partir daí uma crescente expectativa de default do setor publico. Essa expectativa vai gerar uma corrida contra os títulos públicos, juros crescentes, desvalorização cambial, inflação e recessão.

2)    O déficit publico nada mais é que poupança publica negativa que reduz a poupança domestica e aumenta a necessidade de poupança externa que nada mais é do que o déficit em conta corrente. Nesse ambiente querer corrigir o déficit em conta corrente via desvalorização do cambio só vai aumentar a inflação.

Ou seja, ser contra o ajuste é ser favorável a inflação e a recessão.

O PAPO FURADO do ajuste fiscal diz que defende-lo é ser contra os pobres e contra os gastos sociais. Uma maneira de vender essa idéia é justificar o déficit pelo aumento dos gastos sociais. Nesse caso o déficit é resultado de uma coisa boa e “pro - pobre”. O fato é que não existe essa coisa de parte boa e parte ruim do déficit. Déficit são despesas acima das receitas e o ritmo de aumento da divida publica. Não conheço nenhum caso em que uma crise de divida publica foi evitado porque o país “justificou” o déficit como sendo causado por gastos nobres como gastos para os mais pobres. Se o Brasil for por aí vai pagar um preço alto.

quarta-feira, 18 de março de 2015

INOVAÇÃO OU “COPIAÇÃO”?

O Brasil precisa e pode crescer mais. Existe um consenso de que para tal precisamos elevar nossa produtividade. A produtividade do país que já era baixa atualmente tem taxa de crescimento negativa.

Aumentar a quantidade e principalmente a qualidade de nosso capital físico (infraestrutura) e humano (educação) é importante, mas se não aumentarmos a nossa produtividade não cresceremos de forma sustentável. Repetiremos o eterno voo de galinha das ultimas décadas.

Como aumentar nossa produtividade é hoje “a pergunta de um milhão de Dólares” A prática internacional mostra que temos duas estratégias: inovação ou copiação. É obvio que elas não são excludentes e que a primeira é mais nobre que a segunda. A questão fundamental é qual é mais viável. Fico com a segunda.

Copiar aqui não significa replicar ou “xerocar” um produto ou processo e sim adaptar ao ambiente local um produto, processo ou organização já existente. O Ceará não inventou o caranguejo, mas criou um evento econômico que é a “quinta do caranguejo”.

Com os avanços da internet ficou cada vez mais fácil e barato “copiar”. O segredo, no entanto, é que para que a copiação vire produtividade precisamos de criatividade e capacidade de aprendizado. Alem disso precisamos de incentivos para copiar.

Dito isso, o caminho que surge é o da educação, melhor logística, ambiente de negócio estável e ágil e principalmente mais competição. No momento em que o Ceará e o Brasil estão elaborando seus planejamentos estratégicos para os próximos quatro anos (PPA) vamos torcer que produtividade a partir da copiação seja uma estratégia adotada.


O segredo não é a best practice e sim uma better practice.



segunda-feira, 16 de março de 2015

FALTA POUCO

O blog atingiu a marca de 1.000 visualizações, agora só faltam 999.000 para a marca de um milhão!!
CUSTO DE OPORTUNIDADE

No debate sobre o aquário do Ceara escutei e li afirmações que são erros elementares de raciocínio econômico. O argumento é de que não existe custo de oportunidade no seu investimento, pois ele é financiado com financiamento e não empréstimo. Fala sério!!

Como no financiamento o uso do recurso é para um propósito especifico, no caso compra e instalação de equipamentos, não faz sentido falar em custo de oportunidade que é o uso alternativo do dinheiro público. Se não pegar o dinheiro do financiamento para o aquário perde o recurso.

A verdade é que do ponto de vista das contas públicas não importa se é financiamento ou empréstimo. Os dois se transformam em dívida e vão demandar pagamento de juros e amortizações que vão inviabilizar outros gastos do governo. O custo de oportunidade existe sim.

Em momento de orçamento apertado em casa, faz sentido justificar a compra de um “carrão” pela oferta de um financiamento que só podia ser usado para isso? E o curso de inglês do filho, o seguro saúde com mais cobertura da filha, a reforma da casa?


A falta de investimento público é ruim e faz falta, mas pior ainda é a realização de investimento de baixa qualidade e alto custo de oportunidade.

sexta-feira, 13 de março de 2015

O EXEMPLO DA BAHIA

Enquanto discutimos refinaria e aquário, dois projetos, hoje, inviáveis do ponto de vista econômico, os demais estados se mechem e apostam em alternativas mais promissoras. O Ceará da vanguarda se torna cada vez mais no Ceará do provincianismo.

Em momentos de crise duas coisas são fundamentais em um governo: visão estratégica e foco operacional realista. A margem de erro fica menor e a demanda por competência maior. Ficar defendendo o indefensável aquário e lamentando a ilusão da refinaria não é o caminho para alavancar nosso desenvolvimento.

Nesse sentido a Bahia nos mostra um exemplo a seguir: o Parque Tecnológico da Bahia. O Parque já é uma realidade, ocupa uma área de 25 mil m2 em localização nobre, possui plano diretor moderno e visão estratégica definida. Vai trabalhar nas áreas de Biotecnologia e Saúde, Tecnologia da Informação e Comunicação, Energias e Engenharias. Possui um pacote de incentivos fiscais que inclui redução do ISS de 5% para 2% na prestação de serviços; redução do ISS de 5% para 2% na construção de empreendimentos; isenção de IPTU; redução de até 90% no ICMS nos serviços de telecomunicações e diferimento do ICMS na aquisição de equipamentos importados.Alem disso conta com um menu de bolsas de estudos para atrair jovens e experientes pesquisadores. No segundo caso oferta bolsas de até R$14.000,00. O total de investimentos do governo do estado será da ordem de 60 milhões de Reais.


Nossos jovens de talento, que hoje dominam o ITA e IME, agora têm mais uma opção. Infelizmente ainda não é no Ceará.





quarta-feira, 11 de março de 2015

QUE MUNDO É ESSE?

Uma hipótese básica na condução de uma política monetária é que, diferente dos juros reais, o juros nominais não podem ser negativos. Na verdade era, pois hoje a prática de juros nominais negativos é cada vez mais comum. Mudou o mundo e mudaram as políticas.

Um juro real negativo acontece sempre que o rendimento de um titulo é menor que a taxa de inflação. O BNDES, por exemplo, ainda hoje oferece linhas de credito com juros menores do que a previsão de inflação. O juro nominal negativo acontece quando o titulo tem um valor de resgate menor que seu valor de emissão. Ou seja, pago mais hoje do que vou receber no resgate do titulo. Isso faz sentido? É possível? No mundo de hoje tudo é possível em termos de política monetária.

O que está acontecendo é que vários bancos centrais do mundo estão praticando o que se chama afrouxamento quantitativo (Quantitative Easing), onde assumem compromissos de comprar títulos emitidos pelos governos. Quanto maior as quantidades compradas maiores os preços dos títulos e menores os juros. Em situações extremas o valor de compra fica acima do valor de face e surge o juro nominal negativo. Mesmo sendo uma situação extrema as estimativas são de um estoque de 1,9 trilhões de Dólares de títulos com juros negativos.

Não precisa ficar preocupado pois ainda estamos longe de não ter outra opção que não comprar títulos com juros negativos. No momento quem compra a grande maioria deles são os bancos centrais. Eles o fazem porque na outra ponta estão cobrando dos bancos comerciais uma taxa para guardar reservas dos mesmos. Ou seja, se a taxa que eles cobram for maior que os juros negativos é lucrativo captar reservas e aplicar em títulos.

Enquanto isso no Brasil os juros continuam subindo, em parte porque nosso problema, diferente do resto do mundo, é excesso de demanda e não de  oferta. Surge aí o que se chama de operações de “Carry Trade”: pegar Dólar ou Euro a juros zero e aplicar em Reais. 


JUROS NEGATIVOS